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17 de Maio de 2024

Se até o Papa furta, imagine...

Um padre argentino morreu. Era confessor dos outros padres, incluindo na época o papa Francisco que, no velório, furtou uma cruz. “De repente,...

Publicado por Luiz Flávio Gomes
há 10 anos

Um padre argentino morreu. Era confessor dos outros padres, incluindo na época o papa Francisco que, no velório, furtou uma cruz. “De repente, aquele ladrão que todos temos dentro de nós veio à minha mente. Enquanto espalhava as flores, peguei a cruz que estava sobre o rosário e, com um pouco de força, desprendi-a”. O papa contou essa história quando falava para párocos e seu propósito foi destacar a importância da misericórdia, da compaixão, do perdão. Por quê? Porque todos somos pecadores ou até mesmo criminosos.

Os humanos que se julgam “do bem” (os que fecham os olhos para os seus próprios atos, especialmente os poderosos, que sempre desfrutaram de muita impunidade) são os que mais pedem leis rigorosas “para os outros”. Beccaria (no seu livro Dos delitos e das penas) dizia que “o cidadão honesto se sente induzido por seu egoísmo mais a desejar que a temer as leis crueis, porque as acredita feitas para os outros e não para ele”. Nossa tendência é nos julgarmos acima de qualquer suspeita. Sempre achamos que os outros delinquem, que os outros são desonestos etc.

A Universidade Federal de Minas Gerais, em parceria com o Instituto Vox Populi (veja Eudes Quintino de Oliveira Júnior - http://atualidadesdodireito.com.br/eudesquintino/2012/11/07/atos-ilicitos-praticados-no-diaadia-do...), realizou interessante pesquisa para avaliar como as atitudes ilícitas se desenvolvem e se enraízam na sociedade brasileira:

“Uma determinada conduta que carrega carga ilícita ou um desvirtuamento ético, pela sua reiterada prática, passa a se incorporar na tábula social e ali se aloja como uma postura normal, fazendo parte do cotidiano.” Assim é que, de acordo com a pesquisa, “não emitir nota fiscal, não declarar Imposto de Renda ou declarar a menor, tentar subornar o policial de trânsito para evitar multa, falsificar carteira de estudante, dar/aceitar troco errado, subtrair energia de TV a cabo, furar fila, comprar produtos falsificados, bater ponto para o colega de trabalho, falsificar assinaturas são atos indicativos de transgressão, mas contam com a aprovação popular, por ser a conduta plenamente justificável e receber a concordância quase que unânime.”

Fazemos muito mais coisas erradas: baixamos músicas na internet sem pagar, copiamos livros inteiros violando direitos autorais, violamos regras do trânsito, paramos nosso carro no lugar reservado aos portadores de deficiência física, levamos divisas para fora do país além dos limites legais sem declarar ao fisco, trazemos mercadorias do exterior além do limite e não pagamos impostos, praticamos sonegação fiscal, burlamos concorrências públicas, corrompemos juízes e fiscais, “engraxamos agentes públicos”, vendemos bebidas para menores, dirigimos carros enquanto menores etc. De acordo com o papa, precisamos mesmo de muita compaixão, misericórdia e perdão. Cordeiro de Deus que...

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186 Comentários

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O artigo em questão e alguns comentários demonstram como o ser humano tem a tendência de apontar para o outro e dizer: "você é mau e eu jamais farei isto!".

Quando a maioria das pessoas conseguirem entender os princípios de que todos estamos propicio a pratica de delitos, bem como, que as normas são postas para que todos cumpram, inclusive quem as editam, conseguiremos governantes dignos.

Dizer que o outro estar errado é comodo, tente entendê-lo! É um inicio! continuar lendo

Eu tenho certeza! E você? continuar lendo

Perfeito! É a famosa política do tolerância "zero" para os outros e tolerância "dez" para mim e para os meus. Pura hipocrisia... continuar lendo

Deixa eu te falar: as pessoas falam pelos cotovelos. Agora, existem duas coisas que estabelecem os limites.. São as leis de Deus, e as leis dos homens.
Como hoje está na moda não acreditar em Deus, fiquemos somente com as leis dos homens.

Então é o seguinte: é preto no branco. O fato da pessoa ser perdoada ou "pagar" por um crime, não faz com que o seu crime deixe de ser crime.

A lei é igual para todos. E na verdade os políticos, governantes, etc, sabem disso. Eles podem inclusive entender. Mas eles não aceitam isso pela simples OPÇÃO de não quererem.

Procurar entender a pessoa que está errada???
Por acaso entendê-las vai anular os seus erros???

Uma coisa é ficar apontando os erros das pessoas, sendo o único objetivo ter assunto para conversar ou o de desmoralizar alguém. Outra coisa bem diferente é você apontar à um amigo, ou à um familiar, que ele errou, ou que está errando. Quem aponta o erro, tem que ter argumentos e provas. Se as intenções de quem errou foram a de promover um determinado resultado , já é outra coisa.
Quem aponta um erro não está declarando que ele nunca erra. Ele só está agindo com a sua consciência. Cabe a pessoa que recebe o aviso, digerir, se responsabilizar e transformar o que pode ter sido extremamente maldoso, em algo bom.

Demonstrar humanidade diante de um erro ao qual todos nós estamos sujeitos a ter, de forma alguma é procurar entender o errado. Mas com certeza é estar determinado à ouvir o autor do que é errado.
Isto é o princípio da ampla defesa.

O certo e o errado não são questão de opinião.
O certo e o errado são questões de princípios. Incluindo o princípio que diz que todos nós somos iguais, e logo todos nós temos sim que seguir as leis. continuar lendo

Eu entendo que o Papa quis dizer que todos nós erramos e que quando o erro não é tão grave deve ser perdoado e a vida seguir. O crime do Marcos Valério, por exemplo, eu não considero grave, pois ele bolou esquema pra pessoas adultas normais que poderiam ter dito não. Ele deveria pagar a multa estipulada, e mandá-lo pra lugares onde ele pudesse ajudar uma comunidade carente e analfabeta. Professor ajude a Justiça ficar menos donkey a errar menos. continuar lendo

Esclareço primeiramente que dizer o que penso baseado na história da humanidade e conhecimentos adquiridos com bastante estudo e base prática, não é falar pelos cotovelos! Isso porque posso entender diversamente das outras pessoas como também respeito os outros entendimentos, mas, tenho o direito de não concordar, sendo certo que jamais ficarei preso ao comodismo, "achar o que todos acham!", muitas vezes até mesmo sem ter conhecimento solidificado para tanto, mas, já é um começo discutir!
"Errado", o que é "errado"? Difícil conceituar! Mas, vamos conceituar o "errado" como contra a lei!
Então, entender uma pessoa que supostamente fez algo "errado" ou contra a lei, não vai anular os seus "erros"? sim, não vai anular os seus "erros", mas, através desta compreensão poderemos conseguir minimizar os "erros", pois se entendermos a causa do "erro" poderemos tentar mudar esta pessoa "errada", ademais, ao vivermos em sociedade, os "erros" dos outros podem está vinculado aquilo que eu fiz ou deixei de fazer ao longo da minha convivência com outras pessoas, digo "poder", pois isto não necessariamente se aplicaria a todas as pessoas que tem um comportamento desvirtuado do "correto", pois o ser humano naturalmente escolhe o que quer de sua vida, se ele pretende fazer o "errado" sabendo que é "errado" e tendo a oportunidade de de fazer o "certo" quem sou eu para obriga-lo a fazer o "correto", frise-se a vida em sociedade proporciona diversos "erros" todos os dias.
Olhe para as suas atitudes no dia a dia, depois, leia o Código Penal e analise! Quantas e quantas vezes você realizou um fato tipificado como crime? Se me disser que jamais realizou um fato tipificado como crime, digo que é um santo (a)! Eu digo com toda certeza, ressalvando os santos, ao menos praticou um fato tipificado como crime, apenas não foi julgado por um órgão competente para lhe dizer: "você é culpado (a)! E, assim, marcá-lo como criminoso pelo resto da sua vida. Mas, você cometeu um fato tipificado como crime!
Apenas para esclarecimento, aqui não estou dizendo que fazer o" errado "é certo, mas, que o certo é entender os" erros "que todos nós cometemos para podermos melhorarmos e tentarmos não repeti-los.
É preciso dizer ainda, que é comodo falar:" você está errado! ", porque não dizer: por que você fez isso? Tem algo que eu possa fazer por você, que possa mudar a sua conduta?
Antes que me digam que isto é apenas uma teoria! Digo, sim, é uma teoria mas as melhores ações nascem de uma teoria, mas que devem ser abraçadas pela maioria!
Uma situação que poderia exemplificar este abraço, seria mudarmos o nosso conceito da pessoa condenada pela prática de um delito! A grande maioria das pessoas pensam: É um" bandido ", pois foi condenado! jamais será uma pessoa" boa "! Se pensam assim meus caros, melhor eliminá-los! Se não acreditarmos nestas pessoas não acreditamos nos seres humanos! Não acreditamos em nós!
Assim, poderíamos iniciar uma ação concreta, mudando a mentalidade do povo! Uma vez que sempre buscam uma aplicação do direito penal repressivo ao" bandido ", ao dizer:" coloque ele na cadeia, é o que ele merece! "" Cadê a educação e a reinserção daquele "bandido" na sociedade! "
Não fiz esta pesquisa, mas vamos hipoteticamente fazê-la:
Questão: Eu tenho recursos financeiros para construir e manter apenas uma estrutura dentro de um presídio, preciso escolher dentre três: a) escola técnica dentro do presídio; b) sala de recreação e c) solitária, qual você escolheria? Provavelmente a maioria das pessoas pesquisadas, gostariam de que fosse construída uma solitária e o fundamento para tal resposta seria: porque ele é" bandido "e tem que sofrer mesmo.
Outra situação que eu vejo e ouço todos os dias!" bandido "que rouba e furta tem que morrer! Espera! o que vale mais a vida ou o patrimônio?
" Perdoai e serei perdoado "
" Entenda o outro e será entendido " continuar lendo

Excelente posicionamento. Lembro que há pouco tempo atrás, sobre a reação (positiva!) do espancamento e tortura do ladrão preso ao poste um autor colocou sabiamente que se fôssemos olhar para os nossos próprios erros iria faltar poste. Mas são poucos os que olham para si mesmos com os mesmos olhos que olham para os outros. continuar lendo

Voce está com toda a razão Fernanda, a exemplo são essas pessoas que fazem passeatas a favor do aborto, mas se esquecem que elas já nasceram. Se estivessem por vir acho que a opinião era outra continuar lendo

Exatamente Fernanda! Perfeito! Eu demorei a atender que os piores de todos não são os que delinquem, mas são o que, sem misericórdia condenam os outros e ocultamente fazem delitos e crimes piores, OS HIPÓCRITAS! continuar lendo

Verdade Fernanda. Concordo com sua opinião. O ser humano (em especial a grande maioria dos brasileiros) é top of mind em julgar o erro alheio enquanto encoberta o seu próprio delito. Dá para se notar o nível de cultura e maturidade de uma sociedade que vibra com este tipo de situação descrita por você. Lamentável! continuar lendo

Então andar correto é bobagem, vamos todos agir errado? Tá justificado. A gente lê cada coisa viu? continuar lendo

O texto fala sobre compaixão e misericórdia caro Doutor. Não de fazer o errado. continuar lendo

Concordo com vc. Vamos parar com essa mediocridade.
Só funciona se punir e acabou! Isso tudo é balela... continuar lendo

Caro Doutor Gilson, comecei a escrever-lhe uma resposta, dizendo que você não entendeu o texto, mas então pensei, se você não conseguiu entender um texto tão claro, não ia entender também a resposta. Mas para os demais, fica minha opinião: O texto não justifica as pessoas que praticam atos reprováveis, mas reprova a hipocrisia daqueles que burlam as leis, absolvendo-se a si próprios em todo os momentos, ao mesmo tempo em que clamam por leis mais rigorosas para os demais infratores. continuar lendo

Brilhante Dr Rafael!!! Rara felicidade em sua interpretação, a qual peço vênia para me apropriar: "O texto não justifica as pessoas que praticam atos reprováveis, mas reprova a hipocrisia daqueles que burlam as leis, absolvendo-se a si próprios em todo os momentos, ao mesmo tempo em que clamam por leis mais rigorosas para os demais infratores". continuar lendo

Gilson me desculpe discordar de ti. Entendeste tudo ao pé da letra! Não devemos entender tudo que nos dizem de forma literal. Com toda a minha sinceridade e sem tom de ironia:o artigo do Sr. Luiz Flávio Gomes é excelente! Parabéns a ele, literalmente. continuar lendo

Ao colocar todos no mesmo bojo arquétipo, o professor faz a mesma defesa de bandido juvenil justificando seu ato perante a autoridade:
"todos furtam". continuar lendo

Depois quando eu digo que tem pessoas que leem os texto do Dr. Luiz Flávio e não entendem uma vírgula sequer, acham que eu estou exagerando, que eu estou seguindo "cegamente" um argumento de autoridade. continuar lendo

Kleber, o início do texto fala de compaixão e misericórdia.
Mas o autor, fez um desenvolvimento, utilizando o a ação do papo apenas como um deixa para desenvolver o assunto principal: a hipocrisia.

E finalizou concluindo que temos que ter muita compaixão, misericórdia e perdão porque a todo momento - inclusive nas coisas que para alguns já viraram hábitos - erramos e ignoramos os nossos próprios erros.

Mas não antes de mencionar que hábitos ruins, quando são constantemente realizados, começam a passar desapercebidos pela sociedade. continuar lendo

Não subestime.
Aponte o substrato do seu ponto de vista e a falha da tese objurgada antes de fazer crítica simplista à pessoa do comentarista antagônico.
Aliás, ouso asseverar que o respeitoso participante é que não discerniu a profundidade do comentário do Gilson Oliveira, com o qual concordo e já acrescentei outras palavras. continuar lendo

Caros amigos,
Agradeço a todos os comentários e leitores por ajudar a construir novos artigos. Obrigado e Avante. continuar lendo

Interessantes e divergentes pontos de vista sobre condutas morais e éticas. É... não posso mudar o mundo, mas posso repensar sobre os valores éticos e morais que prezo e vivenciá-los na minha casa, no meu trabalho, na sociedade... continuar lendo